Cada pingo de chuva que caía sobre minha pele ou no próprio tecido que cobria meu corpo me fazia sentir o líquido ser absorvido, me assustava em dados momentos, mas era minha individualidade florescendo cada dia que passava. "Em um mundo cheio de caos, apenas os mais preparados vivem, mesmo que escondidos nas sombras para não serem reconhecidos como superdotados." Minha cabeça balançava de forma negativa, espantando qualquer coisa que pudesse comprometer meu treinamento. Os passos leves sobre o chão molhado da cobertura me fazia se desligar de todos os problemas, não havia ninguém além de mim naquele espaço, era tão tarde e escuro que dificilmente alguém me observaria, e bom, essa era a chance de eu colocar em prática o que estava inativo por alguns meses após a fuga da Itália.

O corpo se movendo lentamente por entre as gotículas me permitiu se concentrar de olhos fechados para interromper cada uma que ousava me atingir, infelizmente por falta de controle perfeito alguns acabavam ultrapassando, mas cabia a mim mesmo verificar as falhas da manipulação que me arriscava fazer. Com um movimento rápido de mãos tentei rodopiar rapidamente para impedir cada vez mais os pingos de cair, como se uma esfera de água se envolvesse ao meu redor. "Na medida que consigo fazer isso, mais fácil se torna manipula-la." Refleti, me concentrando novamente, mas desta vez fazendo com que as gotas que ficaram suspensas na barragem de água se tornassem vapor, permitindo que subissem as alturas em forma gasosa.

"Os três estados mais belos da água, um líquido que as pessoas deveriam agradecer de possuir e não poluir suas nascentes." Pensei rapidamente enquanto esticava a mão para o alto e sugava para minha palma o vapor que tentava subir, nesse meio tempo comecei a concentrar toda minha energia em minhas mãos, transformando o estado gasoso em líquido e posteriormente em sólido, como se formassem minúsculas pedrinhas de gelo que num sopro rodavam sobre meu corpo, como se fossem um bambolê de um conjunto de cristais, ou mais conhecido como neve.

Fazer nevar, chover, congelar, evaporar, tantas coisas que um treinamento árduo me permitiria fazer, mas restava a mim tentar, falhar e tentar novamente. Quando comecei a sentir os efeitos de exaustão sobre o corpo devido a concentração máxima para manipular a água fui ao chão de joelhos e cabeça baixa, respirando fundo para recuperar o fôlego. "Algum dia... isso se tornará fichinha." Olhei aos céus fazendo as gotas de chuva atingirem ao meu redor e não meu corpo. Me levantei e comecei a aquecer o que estava encharcado em mim, para assim, o evaporar e me dar a possibilidade de retornar ao prédio seco, podendo finalmente descansar.