Voos, porque nos dão enjoo depois de tempo suficiente nos céus? Um suspiro cansado seguido de um bocejo me fazia balançar a cabeça rapidamente para tentar despertar e segurar a vontade de jogar fora o que havia comido mais cedo, ninguém sabe a vontade tão grande que eu tenho de pular pela janela e chegar logo em terra firme. "Falta quanto tempo ainda?" Pensei olhando rapidamente para a telinha do celular, sentindo a vibração indicar a chegada de algumas mensagens.
A: Já chegou no destino Pistoleiro?
T: Ainda estou no voo chefe.
A: Assim que o avião aterrissar me mande uma nova mensagem, vou te indicar por onde deve seguir.
T: Certo, daqui alguns minutos te aviso.
E é isso, não demorou muito tempo e eu sentia o transporte aéreo encostar no chão, fazendo um certo barulhão das turbinas parando. "Estou vivo, ufa." Pensei enquanto saía vagarosamente de dentro do local, indo pegar as malas que estavam sendo retiradas por alguns funcionários do aeroporto, aeromoças eu acho, é tanto aero que minha cabeça quase explodiu só de pensar.
T: Cheguei, qual o próximo passo?
A: Jaqueta e calça jeans, homem, óculos escuros, altura mediana.
T: Acho que eu estou vendo ele daqui, porque não me disse que ele estava no mesmo voo? Eu já estaria preparado.
A: Só prossiga para o que você foi contratado.
Não posso deixar de pensar que as roupas que o alvo vestia me lembravam da Britney Spears, por algum motivo que eu não sabia explicar, mas enfim. Guardei o celular no bolso, deixei minhas malas sobre um banco e fui de forma sorrateira atrás do rapaz que precisava investigar. "Porra, justo no banheiro?" Pensei enquanto entrava no local e ia para dentro de uma daquelas cabines (?) que possuem portas e podem ser trancadas, tá loco que vou usar o mictório pra ele ver o Tibers Junior.
O som das mensagens que eram recebidas no celular do meu alvo pareciam chegar uma atrás da outra, como se alguém quisesse muito falar com ele ou estava sendo procurado, o que era estranho por assim dizer. Em dado momento que percebi o som da abertura de uma das torneiras me retirei dali para ir lavar as mãos e tentar uma conversa com o indivíduo. Rapaz, sua esposa está atrás de você? Perguntei dando uma risada baixa enquanto esperava uma resposta vinda do outro, que me encarava de uma forma que dava a entender, como assim cara, como você sabe?
Foi mal, eu estava tentando me concentrar ali no banheiro e esse som de notificação me chamou a atenção. Brinquei com o outro esperando que ele caísse no papinho de gente legal que só quer socializar e é extrovertido. Passou alguns minutos e fomos ao mesmo tempo secar as mãos, o outro ficava olhando para o celular o tempo todo e isso me incomodava de certo modo. Até mais. Me despedi, pegando em mãos um cartão que havia saqueado de seu bolso traseiro enquanto ele ficava com as mãos esticadas para secar e de forma milagrosa pareciam continuar molhadas, porque será? Não é mesmo?
T: Indústrias Ferns.
A: Obrigado pela informação, execute o alvo.
T: O que? Vocês me pediram apenas para descobrir o nome de onde estavam sendo feitos aqueles armamentos.
A: Quer o dinheiro ou vai continuar questionando?
T: Ok... ok.
Encerrei a mensagem percorrendo um caminho pelas sombras, se esgueirando por entre alguns pilares de concreto, energizando a hidrocinese na ponta de um dos meus dedos, acompanhando o rapaz com o olhar. "Sinto muito." Pensei disparando o líquido dos dedos, para que assim, perfurasse a região vital do indivíduo e ceifasse sua vida, sem dor e morte rápida. Um grito agudo de uma senhora que observava o corpo cair no chão denunciava a localização da execução, nesse mesmo momento recuei alguns passos e voltei até o banco em que estava minhas bagagens.
"Eu mal cheguei nesse país e já estou fazendo merda." Refleti enquanto pegava a mochila e jogava nas costas e com a outra puxava com as rodinhas, estava todo cheio de malas, ninguém desconfiaria.