Era uma manhã tranquila, a cidade estava no fim do verão, a brisa do outono já passava pela cidade; As camisetas, substituídas por casacos de couro, moletom ou sobretudo, alguns colocavam cachecol, entretanto ainda não estava frio o suficiente para tanta coberta. Enquanto o pensamento passava por sua mente, Benny esquiva de um homem que corria em sua direção, com fones de ouvido, shorts e regata.

"— Esse daí se recusa a aceitar que o verão acabou, não é?"

Com uma leve risada ao comentário de Lenny, Benny continua andando em direção ao "Megastore" que ouviu falar. Um comercial durante o voo estava em sua mente desde que saiu do aeroporto. Era um slogan chamativo em tons de vermelho e branco "Encontre tudo que você quiser no Macy's" era estranho, mas para alguém que não tem nada, talvez era o lugar certo.

"— Precisamos comprar comida, novas roupas, uma mala maior pra carregar nossas coisas e..."

Enquanto Bernard fazia uma lista de tudo que precisavam comprar, Lenny interfere com outro comentário sarcástico.

"— Quem sabe eles não vendam uma casa para morarmos, talvez uma fonte de renda, uma que não nos mate de preferência!"

Poucas semanas atrás, por insistência de Bernard, Lenny usou seu poder para criar um amuleto de sorte. Bernard abusou desse poder nos cassinos de Las Vegas, ganhando uma quantia absurda de dinheiro, claro que a cabeça deles agora estava a prêmio; Graças ao amuleto eles por sorte conseguiram um voo para fora do estado.

Durante o percurso, Lenny assumiu o controle do corpo e destruiu o amuleto. Suas roupas e pertences ficaram no Hotel onde estavam, por sorte a maleta com o dinheiro que conseguiram ainda estava com ele, que agora precisava recomeçar sua vida.

"— Eu não sabia que as pessoas te matavam só porque você tem sorte, como que eu adivinharia?"

Tentou retrucar, mas Lenny apenas revirou os olhos. Benny estava em frente a Macy's, é impressionante o tamanho, entretanto ele sabia exatamente para onde ir primeiro.

— Para o restaurante!

Falou em voz alta, algumas pessoas olhavam em sua direção; Encolhendo-se em seu casaco, Benny entra um pouco tímido. Seu primeiro desafio começou pouco minutos depois de entrar; Pois ele não conseguia decidir o que comer.

Para a maioria, isso não é um problema, mas para ele era uma dor de cabeça, afinal se Bernard e Lenny não concordarem no que vão comer, o corpo do jovem não se mexe. Ficando paralizado em sua cadeira olhando para o cardápio.

Benny parecia uma estátua, ou uma pessoa que está muito concentrada  na leitura de um livro. Enquanto sentava olhando o cardápio sem prestar muita atenção, a seguinte conversa se passava na mente do jovem.

" —Deveríamos pegar um comida mexicana, eu sempre tive vontade de experimentar um burrito apimentado." Bernard parecia empolgado com a idéia. Entretanto Lenny fez um rosto de desgosto e logo responde.

" — Eu não gosto da idéia de ter nossa lingua queimando, muito obrigado, vamos comer sushi, sem wasabi e com uma porção de salada..." Antes mesmo de terminar, Bernard já gritava sua opinião.

" — PEIXE CRU E SALADA? Você deve ta de palhaçada; Se você quer salada, tudo bem, pegamos uma salada, eu troco meu burrito por um hamburguer." Lenny parecia pensativo por um momento e logo respondeu.

" — Sem batata frita, não precisamos de tanto óleo no nosso corpo, mas você pode escolher a bebida e a sobremesa." Finalmente com uma decisão tomada, Benny conseguia se mexer novamente, mas agora um novo problema já surgia. Alguém estava parado olhando para eles, a roupa dele era descolada, um queixo bem definido assim como o resto de seu peitoral semi-exposto pela camisa desabotoada.

" —Ele falou conosco?" Perguntou Bernard. Mas com um tom de pânico Lenny ja respondia.

" — Você que tava tomando conta do corpo, como que eu vou saber?" Bernard olha para o lado evitando olhar para Lenny.

" — Eu meio que não tava tomando conta..." Respirando fundo, a voz de Lenny ecoa pela cabeça dos dois.

"  — VOCÊ O QUÊ?!!!!" Tentando revirar suas memórias, Lenny tentava achar uma solução, mas Bernard já estava entrando em ação.

" — Em momentos como esse,eu tenho que usar minha arma secreta!"

Sorrindo para ele, Benny acena positivamente com a cabeça e fala calmamente.

— O que um gostosão como você faz por aqui?

Rapidamente, Lenny toma o controle do corpo dando um tapa na boca cobrindo-a.

" — Bernard... Onde você ouviu isso?" Falou Lenny tentando permanecer calmo.

" — Sex in the city, é um seriado muito-" Lenny já não aguentando fala para ele.

" — Eu vo matar a gente" Ele falava sério.

Enquanto isso o corpo de Benny permanecia olhando para o desconhecido a sua frente sem reação.

Lenny estava a ponto de levantar e correr da loja, Bernard lutava para acalma-lo. Até que os dois decidem cobrir o rosto com o cardápio. A discussão entre eles era um empasse entre correr ou aceitar o constrangimento e continuar a conversa.

" — Vamos fingir que nada aconteceu e começar de novo. É disso que precisamos."

Respirando fundo, Benny baixa o cardápio com um rosto calmo e composto. Com uma claramente falsa reação de surpresa, como se estivesse vendo ele pela primeira fez. Depois de ouvir, novamente o pedido dele; Benny respira fundo e fala com um breve sorriso no rosto.

— Claro, por favor, eu adoraria uma companhia.

Passando o cardápio para o assento vazio para que seu novo amigo conseguisse ver, Benny estava naquele momento tentado ao máximo não parecer uma pessoa estranha.

" — Eu acho que contornamos a situação." Falou Bernard cheio de si.

" — Eu vou ignorar você." Falou Lenny concentrando-se na situação atual.

— Estava pensando em um Hamburger com uma porção de salada e chá gelado de limão.

"— Eu pensei que teríamos sobremesa." Protestava Bernard.

— Você perdeu o direito de sobremesa depois do que aconteceu.

Percebendo que havia falado em voz alta. Benny começa rapidamente a falar uma desculpa qualquer para não parecer estranho.

— É que nos ultimos dias eu tive uma reação muito ruim depois de comer... pudim? Então estou evitando sobremesa... hahaha...ha

" — UAU, eu nem precisei fazer nada." Falou Bernard enquanto assistia o rosto de Benny ficar um pouco vermelho.

" — Fala mais alguma coisa e eu juro que vamos comer sushi."

— Eu sou Benny, novo na cidade e um pouco nervoso.

Enquanto apresentava-se estendia a mão para o seu novo amigo com um sorriso no rosto, tentando parecer o mais normal possível